Olá, querido aluno (a).
Segue atividades para esta semana!
A primeira epidemia de
DST: a história da doença sexual que levou Europa a culpar a América no século
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Ao
longo de séculos, muitas teorias foram elaboradas para explicar a origem da
sífilis, que fazia com que doentes gritassem de dor à noite. A doença se
espalhou pela Europa rapidamente e atingiu plebeus, reis e até monges
Em
1509, o jovem soldado alemão Ulrich von Hutten contraiu uma doença desconhecida
quando estava na Itália. Ele sofreu com os sintomas por dez anos.
O paciente
descreveu assim sua condição: "(O tempo todo) havia furúnculos, parecidos
em tamanho e aspecto com uma bolota. Tinham um cheiro tão fétido que quem o
cheirasse achava que estava infectado. A cor era verde escuro. Vê-los chegava a
ser pior que sentir a dor, mesmo que a sensação pareça a mesma de encostar no
fogo."
Pouco
antes disso, na década de 1490, a população europeia havia acabado de se recuperar
das mortes provocadas pela propagação, no século anterior, da peste bubônica,
surto conhecido como Peste Negra. Uma em cada três pessoas havia morrido em
consequência da doença em todo continente europeu.
Com o
aumento da população, chegou a prosperidade. Mas nem tudo foi positivo. Doenças
desconhecidas começaram a aparecer, em meio à guerra endêmica e à fome
frequente.
Por
volta de 1495, o rei francês Carlos VIII invadiu Nápoles reivindicando direito
àquele reino. Mas as tropas se contaminaram com uma doença nova.
Ninguém
jamais havia visto nada parecido. Os médicos da época não encontraram nenhuma
referência nos livros. O nível de preocupação foi similar ao momento em que,
séculos depois, o HIV foi descoberto.
A
doença que fez o soldado alemão Ulrich von Hutten agonizar também era
transmitida pelo contato sexual. Era a sífilis.
Por
muito tempo, acreditou-se que eram as mulheres as únicas responsáveis por
espalhar a sífilis
As
pessoas estavam aterrorizadas porque a doença se espalhou com uma velocidade
impressionante. Chegou à Escócia, à Hungria e à Rússia. Com exceção dos idosos
e das crianças, todos corriam risco de se contaminar. Estava nos bordeis, mas
também nos castelos.
Acredita-se
que os reis Francisco I e Henrique III, da França, assim como o imperador
Carlos V padeceram da mesma enfermidade.
Nem os
monges escaparam da sífilis. A hierarquia não importava. Cardeais, bispos e até
os papas Alexandre VI e Júlio II sofreram com a doença.
A velocidade com que se espalhou revela muito sobre os hábitos sexuais da sociedade naquela época.
O curioso papel da deusa Vênus nessa história
Os
franceses diziam que a doença era italiana. Mas todo o resto da Europa se
referia a ela como francesa. Inicialmente, não tinha nome técnico.
Ao final, um médico francês sugeriu que chamá-la de "doença venérea" por acreditar que a causa principal era o ato sexual que, por sua vez, estava ligado à deusa romana do amor, Vênus.
A epidemia causada pela sífilis era diferente das vistas anteriormente. Ela não se concentrava numa área específica nem estava relacionada a uma época do ano.
Todos
corriam risco de adoecer. E, uma vez que isso acontecia, parecia que a pessoa
nunca iria se recuperar.
Se o
tormento durante o dia era difícil, parecia ainda pior à noite. Os que padeciam
da doença gritavam continuamente por causa da dor que sentiam nos ossos. Mas
qual era a causa?
No
início, pensou-se que era um castigo de Deus pelos pecados cometidos pela
sociedade. Assim, o primeiro passo para lidar com a doença era se arrepender e
rezar por proteção divina.
Mas
havia outras hipóteses. Astrólogos da época afirmavam que tinha relação com
dois eclipses do Sol e a confluência de Saturno e Marte.
"As
chuvas que caíram em todos os países atingidos naquela época foram tão
abundantes que a terra foi contaminada com água estagnada, e não foi surpresa
que a doença tivesse se apresentado", registrou um professor de Medicina
da época.
O
encontro das estrelas com a contaminação da terra, por sua vez, causou uma
podridão venenosa do ar. A consequência foi a putrefação do corpo humano.
No
começo, acreditava-se que o mercúrio era um remédio para a sífilis. Era comum
usar o medicamento para tratar de problemas de pele nessa época. Esse foi o tratamento
recomendado ao soldado alemão: respirar gás de mercúrio quente.
Mas a
cura era pior que a doença. Os pacientes perdiam a lucidez. No entanto, o uso
do mercúrio para combater a sífilis continuou por muitos anos, até 1517, quando
surgiu um novo remédio. O guáiaco, um arbusto encontrado no Haiti, supostamente
era usado pelos que vinham daquela ilha.
Pedaços
de tronco eram fervidos em água, e o líquido, bebido duas vezes ao dia. O
tratamento completo incluía passar 30 dias em uma sala extremamente quente para
suar e expelir a doença.
Nessa
mesma época, estabeleceu-se uma relação entre a sífilis e o castigo divino
decorrente de pecados individuais. A pessoa se contaminava se tivesse mantido
uma relação sexual ilícita.
Nesse
contexto, as mulheres eram consideradas as responsáveis por transmitir a
doença. Eram elas que faziam os pobres homens caírem em tentação, ao estilo do
casal bíblico Adão e Eva.
O
estigma também afetava as crianças cujos pais sofriam com sífilis, porque era
uma considerada uma doença hereditária. Gerações inteiras foram tidas como
malditas.
Inalar
mercúrio foi, por anos, recomendado como tratamento para sífilis
Depois,
detectou-se que a transmissão se dava de pessoa para pessoa. Assim,
imaginava-se que a sífilis teve origem num lugar específico e não em
consequência do clima.
Nessa
época, acreditava-se que ela chegou à Europa com os marinheiros que vinham da
América com Cristóvão Colombo. Supostamente, eles atracaram em Barcelona,
uniram-se às tropas napoleônicas e às prostitutas. O Exército se encarregou de
espalhá-la.
Mas
historiadores médicos americanos não gostaram dessa teoria. Eles apresentaram,
então, evidências arqueológicas para provar que a sífilis era uma doença nativa
da Europa.
Identificada a causa, surge uma cura
A cura definitiva para a sífilis em 1943 com a descoberta da penicilina por Alexander Fleming.
Ainda há dúvidas sobre de onde a sífilis surgiu inicialmente. Mas, na verdade, as décadas antes e depois de 1500 representam uma grande mudança na sociedade europeia.
A vida
urbana, novas técnicas de guerra e mudanças nos comportamentos sexuais. O
ambiente europeu estava em mutação constante, o que fez aumentar a incidência
de doenças.
Por
isso, o surgimento de novas epidemias parecia inevitável. A sífilis chegou e
ficou, propagando-se, em especial, em tempos de guerra.
Com a
medicina moderna, identificou-se, em 1905, a bactéria que causa a doença. E,
cinco anos depois, descobriu-se o primeiro tratamento efetivo.
Mas foi
somente em 1943, com a descoberta da penicilina, que se encontrou a cura para a
doença.
EXERCÍCIOS
I) Assinale a alternativa correta:
a) Treponema pallidum. c) Neisseria gonorrhoeae.
b) Chlamydia trachomati. d) Trichomonas
vaginalis.
2) A sífilis é uma doença infecciosa
crônica que pode acometer praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo.
Além de ser uma doença sexualmente transmissível, ela também é considerada uma
a) protozoose. b) bacteriose. c) virose. d) micose.
II) Responda:
1) Por que a sífilis é
chamada de doença venérea?
2) Em qual região do corpo
a dor é mais intensa por quem está infectado pela sífilis?
3) Que medicamentos eram
usados para curar a sífilis na época em que não sabiam o que a causava?
4) Por que as mulheres
eram as responsáveis por transmitir a sífilis?
5) Qual o medicamento foi responsável pela cura
da sífilis?
6) Atualmente como podemos
nos proteger das doenças sexualmente transmissíveis?
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